sábado, 13 de fevereiro de 2010

Brasília aos 50, com Ali Babá e os 40

Chegando ao aeroporto de Brasília, após visita a São Paulo logo vi um painel com a seguinte propaganda: “Brasília 50 anos”. Na mesma hora pensei: o que Brasília tem a comemorar nesses anos todos?
É bem verdade que a cidade se desenvolveu, amadureceu, modernizou-se. Só nos últimos três anos, por exemplo, cidades satélites cheias de barro e que estavam esquecidas, ganharam luz, água, asfalto, metrô e outras cositas más.
Tudo estava bom demais para ser verdade. E logo vieram as notícias: dinheiro na meia, dinheiro na bolsa, dinheiro no paletó, dinheiro também na casa do governador.
E aquela mesma mão usada para agraciar o povo, agora era acusada de desviar recursos públicos, formar quadrilha, superfaturar licitações, cobrar propina, enriquecimento ilícito e outras cositas más.
E em plena idade madura, entrando no auge da experiência, Brasília, que se prepara para se tornar uma senhora idosa, perdeu os argumentos antigos que justificavam tamanha irresponsabilidade com o povo: “mas esses políticos vieram de outros estados”, dizia Brasília.

Agora “esses políticos” podem até ter raízes em outros estados, mas assumiram o compromisso com Brasília de zelar pelo bem público, o bem material, o bem moral e o bem histórico dos candangos, pioneiros, brasilienses e afins.
Ali Babá era um comerciante honesto até se deparar com um tesouro roubado pelos 40 ladrões. Conseguiu roubar os ladrões, e ainda entregar o chefe da quadrilha para o rei. Hoje o povo de Brasília quer saber a quem entregar os quarenta ladrões e o Ali Babá também.
Será o Judiciário? Exemplar foi a decisão do TJDF. Por enquanto, manda que todos os envolvidos no esquema do Mensalão do Dem batam em retirada da Câmara Legislativa. É que o excesso de verniz na madeira talvez impedisse que cada um saísse por conta própria. É pouco, ma já é algo.
Mas nem tudo está perdido. Com esse presente, Brasília no carnaval de 50 anos, vai ter pelo menos diversão e muita diversão. E não vão faltar nos salões muita fantasia bonita de políticos endinheirados e muita marchinha divertida para cantar história. É preciso rir para não chorar. Quem sabe até não nos deparamos por aí com Ali Babá e os 40 ladrões.


TEXTO Jan/ 2010
MARINA COSTA
JORNALISTA
PÓS - GRADUAÇÃO CIÊNCIA POLÍTICA – UnB

Nenhum comentário:

Postar um comentário